domingo, 18 de março de 2007

O Quarto Mal Amado (ou Como o Amor é)

Sou um ser solitário de poucas palavras, e se houvesse como mostrar como é o que sinto, você não aguentaria em seu peito todo esse peso.Sua boca se distancia da minha por poucos centímetros,mas nossas almas têm a distância de um abismo.Sua pele é quente e reconfortante, e seus olhos brilham como diamante, mas esas pedras preciosas eu não posso ter jamais.E seu corpo?o que dizer do que mais desejo no mundo?
Sou um ser abandonado à sorte, um pobre vagabundo.
O que fazer para te ter ao meu lado, segurando minha mão?Entrar em coma?Chamar a morte?Se assim o for farei, pois ela se tornou minha amante, quando me deixaste só. Fui do pó ao pó e sei que vivi cada minuto por ti.
Sou um ser patético, um mero reflexo de mim.Já fui rei dos reis e dono de todos os jardins.Já fui cientista e descobridor, mas a maior descoberta foi a do amor.O amor que metralhou meu orgulho e minha honra, que me acabou com os preconceitos, o amor que me tornou essa sombra e que me fez implodir o peito.
Descobri tal perigo ao aproximar-me da bela menina que passeava no parque.
Pelo amor criei mundos, brincadeiras e doces.Criei cirandas, crianças e flores.E por causa do amor abandonei o paraíso.Troquei-o por teu sorriso de bela e inocente moça.
Pelo amor me abandonei,e o trono desertei.Pelo amor me dei a ti e de ti nada ganhei.Por amor eu me perdi em minha mente conturbada, me torturei com pensamentos e engolindo palavras.Fui morrendo a cada momento, me devorando pedaço à pedaço,fui sumindo de tempo em tempo, apagando cada pedaço de mim e de ti.
Sou criatura vil e fria, perigosa.Tudo o que fui sumiu e de ti só sobrou uma rosa.
De cheiro branco.

Pedro Víctor

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