domingo, 4 de novembro de 2007

Eu gosto...

Eu gosto do teu jeito, e do teu também.
Eu gosto dos teus lábios um tanto finos, e dos teus nem tanto assim.
Eu gosto dos teus finos fios de cabelo, e dos teus nem tanto finos.
Eu gosto do teu sorrir, e gosto do teu sorriso.
Eu gosto do teu cheiro de novo, e talvez mais ainda do teu cheiro de reincidência.
Eu gosto da felicidade que você me faz sonhar em ter, e gosto da que você me furta.
Eu gosto de ti, e de você também.
E entre Pierrot e Arlequim,
Estou mais pra Colombina,
Com um Pierrot não apaixonado, e um Arlequim não desejoso.

sábado, 3 de novembro de 2007

O conto.

Vos conto o conto do garoto que passou do ponto, amou tanto que caiu no pranto, e de tanto em tanto foi perdendo o encanto. Do outro lado a garota, bela moça, a julgar pela força, um simples olhar que condenava à forca qualquer rapaz que a ousasse amar. Um belo dia, o bom rapaz a prometeu a vida, ela de bom grado deu-lhe uma pisa, sem nem tocar o moço, somente com o olhar. Nocauteado, sentiu-se estripado, arrasado, meio esquartejado, pois suas pernas ainda serviam para andar. Andado foi, até chegar cansado, bebeu um porre e dormiu um bocado, preparando a carta pra se suicidar. No outro dia o tilintar, o telefone estava a tocar, era a moça pronta pra falar. Ele sorriu, abestalhado consentiu, e as instruções da moça seguiu, esqueceu o ontem e foi se maltratar.
E assim eu volto pras linhas que comecei o conto, pois o resto o leitor, em certo ponto, já está cansado de relembrar.
( tentando escrever I)
A poesia me deixou.
Bateu a porta
se fechou.
e de lá
nunca mais voltou.
ficou no meu
peito, lançando
a torto e direito
palavras
sobre coisas de amor.

A última cena.

Ela olhou com um longo olhar de desprezo, daqueles que você só vê em megeras de novela e pensa: "porra, que olhar tosco! ninguém olha assim para alguém." e percebe o quão errado você estava e como a novela realmente imita a vida real em alguns casos. Ela olhou com um nojo que só se vê em pessoas ricas e frescas quando vêem um pobre homem vestindo seus trapos e pedindo dinheiro no sinal para comprar um pedaço de pão porque não come nada há dois dias. E ela me cuspiu aquelas palavras na face como quem realmente cospe, escarra (isso me lembra Augusto que já tinha me avisado que o beijo era a véspera do que estava por vir):
"Não somos namorados."
Bem, era uma constatação de fatos, mas ela um dia me quis, eu sei e eu queria tanto ela...mas ela não foi minha. E esse, talvez tenha sido o erro. Não tê-la feito minha. Mas ela me tinha por completo. Cada pedaço, cada molécula do meu ser era dela e somente dela. Mas, como numa cena de novela, ela me escarra na cara e me chuta na bunda.
E agora aqui estou, nesse beco às 5 da manhã falando com um desconhecido. Tentando afogar as mágoas nesse vale de álcool e lágrimas. Mas as malditas nadam mais que tubarão.