segunda-feira, 11 de maio de 2009

Dos três, um amado.

o primeiro chega
como quem se entrega inteiro
ama, ama, ama,
e não consegue se fazer amar
porque amou demais.

(como se se amasse demais)

o segundo chega
e nada faz
como quem nada quer
apenas corpo,
corpo, corpo, corpo.
e ninguém é só corpo sem mente.
e sem mente não se vive.

(por mais que pareça que se viva)

e o terceiro chega
não traz nada,
não tem nada.
não tem o amor do primeiro,
os pecados do segundo,
mas a faz amar por não ter nada demais.
e ele prova do amor dela.
que ninguém mais teve.

porque, no fim,
ela quer o que nada tem demais,
o que faz amar por ser ninguém
e não por amá-la.


(12/05/2008)

sexta-feira, 13 de março de 2009

Nós, os mal amados.

nós a amávamos por ser tão diferente
e ela não nos amava por sermos sempre tão iguais.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Prela.

ela fazia mal amados
como quem dava bom dia
e talvez,
num belo dia,
ela faça um bem amado.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Ela

Ela é um poço de água profundo,
que a fundo não se conhece,
onde os tolos apostam o mundo,
e acreditam que não a merecem.

Ela é um poço de mágua sem fundo,
Que se esconde em seu próprio recanto
E se nega a se abrir para o mundo
Inquieta: nem riso, nem pranto.

Ela é rio que nunca deságua,
E talvez nunca chegue enfim.

Ela é tudo que eu um dia queria
E hoje já não quero, pra mim.

descartáveis

"não quero mais nada com você."
"assim, do nada?"
"é. assim, do nada."
"claro que não! nada é 'assim, do nada'."
"claro que é."
"há sempre premeditação. você pensou bastante nisso tudo e resolveu que eu não servia mais para você, que minha língua já não matava a tua sede e que meu corpo já não era o que você desejava ter ao teu lado nas manhãs em que o sol subia lentamente pelo horizonte pintando a praia que a gente gostava tanto. aquela areia que já nos serviu de cama em madrugadas de amor esperando que o calor dos nossos corpos fizesse o sol nascer. mas você precisa entender uma coisa..."
"o quê? o que eu preciso entender?"
"você precisa entender que eu não sou uma das pessoas descartáveis da sua vida. precisa aprender que nenhuma pessoa é descartável, que não nos desfazemos dela assim como quem não quer nada e que todas elas deixam marcas não só nos nossos corpos, mas nas nossas almas. e eu sei que você é cheia dos papos de não acreditar, mas o que falo como alma aqui não é aquela coisa que todos dizem que vai para o céu, inferno, purgatório, mas apenas aquela coisa que nós fazemos de nós mesmos, nossas personalidades formadas. você tem que entender que ninguém, ninguém, mulher, é apagável."
"eu não estou falando em apagar nada. estou falando que não quero mais isso que temos, podemos tentar ser amigos..."
"ah, e me diga o que somos então. não somos amigos? pois eu sempre te tive como minha amiga, minha melhor amiga, e você nunca me viu como mais que uma língua pra te lamber o corpo, um pinto pra você sentar em cima, não é? talvez tanto fizesse eu quanto um vibrador que te babasse toda, você gosta é da saliva em cima de você, da carne suando em você. você não gosta da pessoa, não cria vínculos com ninguém. e até mesmo quem você chama de amigo você afasta da tua vida. talvez você faça o seguinte: acha que seremos descartáveis e que nunca interferiremos em aspectos que você pensa valorizar como os teus 'amigos', mas quando vê que não somos os objetos que você tanto sonhou, que temos potencial para ser mais que isso, você tenta nos descartar desse lado onde você antes nos tinha e joga para o lado de lá, dos teus 'amigos'. eu não te entendo, mulher, eu realmente não te entendo. mas... acho que, na verdade, nem você mesma entende tudo isso que você faz, que você é."


(to be continued...ou não)

domingo, 28 de setembro de 2008

De quase um ano atrás.

são nas horas mais solitárias, essas entre meia noite e onze e cinquenta e nove da noite. são nelas que me sinto frágil e necessitado, quando mais preciso de uma mulher para me abraçar, beijar e dizer que está aqui comigo e que amanhã não vai ser melhor nem pior, mas estaremos juntos de qualquer forma. prontos para o que quer que venha...e não importa o nome dessa mulher. pode ser Ela ou Você...eu vou amá-la do mesmo jeito: como ninguém jamais o fará.

sábado, 27 de setembro de 2008

qualquer semelhança com a verdade não é pura coincidência.

era ela quem fazia os mal amados. todos eles, cada um, só existiam por causa dela. era ela quem provava do coração de todos sem nunca servir o seu numa bandeja. não, não ela. seu coração era um prato frio que nunca seria digerido por todos os que sonhavam em queimar suas línguas no amor que sonhavam emanar dela. estavam todos errados, todos amando quem não deviam amar, quem nunca amaria sem ter dúvidas. e quando se ama não se tem dúvidas, só se tem amor.
ela é quem tem caixas cheias de amor, guardadas debaixo da cama, dentro de um armário empoeirado, para não se contagiar com o amor que há nas coisas. ela é quem tem todas as músicas que poderiam haver e ainda mais, é quem tem os versos de poetas desconhecidos, a prosa de escritores apagados. é ela quem tem tudo o que tantas já sonharam ter, mas esconde tudo, nega tudo porque... porque... ninguém sabe ao certo os porquês dela.
é que dizem que nas coisas do amor não se têm razões. deve ser bem verdade.
e ela era amada por todos. por quem conhecia bem e por quem mal conhecia, era desejada, admirada, verdadeiramente amada. era invejada por garotas que não entendiam o quão mágica ela era porque não possuiam mágica nenhuma, e até garotas mágicas se sentiam intimidadas por ela. não é algo que se possa explicar bem, essa coisa da magia, só se pode ver, sentir, saber que existe, que está no ar.
e ninguém deixava de amá-la sem pagar um preço. ninguém simplesmente a jogava de lado como um brinquedo que não se quer mais ou uma roupa que, embora fosse uma das mais confortáveis outrora, agora estava pequena demais para o corpo. não... deixá-la significa ter medo. medo do desconforto do incerto, de todas as impossibilidades e possibilidades do amanhã. deixá-la é quase tomar consciência de que existe todo um mundo de garotas por aí e que provavelmente haverá uma mágica semelhante à dela, mas não é ela. deixá-la é nunca abandoná-la por completo, é ter sempre um pedaço dela em alguma parte de você.
dizem que o que amamos na pessoa é a impossibilidade de tê-la. e, para todos, ela era impossível e eternamente amável.