segunda-feira, 6 de outubro de 2008

descartáveis

"não quero mais nada com você."
"assim, do nada?"
"é. assim, do nada."
"claro que não! nada é 'assim, do nada'."
"claro que é."
"há sempre premeditação. você pensou bastante nisso tudo e resolveu que eu não servia mais para você, que minha língua já não matava a tua sede e que meu corpo já não era o que você desejava ter ao teu lado nas manhãs em que o sol subia lentamente pelo horizonte pintando a praia que a gente gostava tanto. aquela areia que já nos serviu de cama em madrugadas de amor esperando que o calor dos nossos corpos fizesse o sol nascer. mas você precisa entender uma coisa..."
"o quê? o que eu preciso entender?"
"você precisa entender que eu não sou uma das pessoas descartáveis da sua vida. precisa aprender que nenhuma pessoa é descartável, que não nos desfazemos dela assim como quem não quer nada e que todas elas deixam marcas não só nos nossos corpos, mas nas nossas almas. e eu sei que você é cheia dos papos de não acreditar, mas o que falo como alma aqui não é aquela coisa que todos dizem que vai para o céu, inferno, purgatório, mas apenas aquela coisa que nós fazemos de nós mesmos, nossas personalidades formadas. você tem que entender que ninguém, ninguém, mulher, é apagável."
"eu não estou falando em apagar nada. estou falando que não quero mais isso que temos, podemos tentar ser amigos..."
"ah, e me diga o que somos então. não somos amigos? pois eu sempre te tive como minha amiga, minha melhor amiga, e você nunca me viu como mais que uma língua pra te lamber o corpo, um pinto pra você sentar em cima, não é? talvez tanto fizesse eu quanto um vibrador que te babasse toda, você gosta é da saliva em cima de você, da carne suando em você. você não gosta da pessoa, não cria vínculos com ninguém. e até mesmo quem você chama de amigo você afasta da tua vida. talvez você faça o seguinte: acha que seremos descartáveis e que nunca interferiremos em aspectos que você pensa valorizar como os teus 'amigos', mas quando vê que não somos os objetos que você tanto sonhou, que temos potencial para ser mais que isso, você tenta nos descartar desse lado onde você antes nos tinha e joga para o lado de lá, dos teus 'amigos'. eu não te entendo, mulher, eu realmente não te entendo. mas... acho que, na verdade, nem você mesma entende tudo isso que você faz, que você é."


(to be continued...ou não)

5 comentários:

'Pierquim disse...

"eu não te entendo, mulher, eu realmente não te entendo."

Luan disse...

DR's...

valeu pelo "vibrador que te babasse toda". hehehehehe

Unknown disse...

eu já disse, né? eu sou totalmente o carinha aí. Inclusive, o meu último relacionamento, se aquilo pode se chaamr de relacionamento, acabou mais ou menos assim. A diferença é que eu n disse nada, eu aceitei e deixei ele sair pela porta, de uma vez por todas logo depois da primeira frase. Talvez tenha sido melhor assim, eu só acho que poderia ter abandonado a repetição da cena dele indo embora quando ela aconteceu na minha frente a primeira vez...eu fui levando ele de uma forma que essa cena foi se repetindo over and over again...e isso só eu tive. Certeza que quando ele saiu, saiu uma só vez. Enfim...que desabafo esse! dhasiudhausdas


:*

Laís disse...

eu não consigo saber se sou como ele ou como ela...talvez um pouco dos dois. Finais não são ruins quando são finais, o problema é quando eles só parecem ser finais... acho que eu gosto dos finais, nem sei. =*

Anônimo disse...

noossa, que brutal! isso é o que eu chamo de dizer toda a verdade, se ser totalmente sincero. mas será que foi sinceridade ou raiva dela? vai saber né?!
é isso, como todos os outros, gostei bastante!
: ]

beijos primo!